falar assim da poesia
que outrora o coração me ocupou
Tratar com desdém
a poesia com quem
gastei tardes, palavras e amor.
À poesia dar adeus
sempre foi coisa que aos meus
era estranha ao meu proceder
Quem bem me conhecia
já sabia que se eu ia
eu voltava e esperava, à mercê.
Partir me era um tanto infazível
e outros neologismos
outros surrealismos
ou um absurdo qualquer
absurdo de quem quer
com puro pó construir
um lugar onde ir,
um recantomas nem tanto
com poesia se constrói
e é assim que sói,
que costuma acontecer
de a poesia correr
e já, ao longe, acenar
E dizer que já não calha
que não há razão que valha
que não adianta esperar
Que irá com outro norte
procurar tentar a sorte
aventurar um novo lar.
Eis que a poesia
era pó que ia, pois
e ia, sim, é certo. Ia
Tanto ia que se foi.
Com gratidão, a quem soube separar, aos meus olhos, as sílabas da palavra "poesia".