terça-feira, maio 25, 2010

vegetalidade da vida


Quiçá um novo conceito de poesia - se não for muita pretensão - a que denomino poesia ilustrada ou ilustração poética, a depender do ponto de vista.

domingo, maio 16, 2010

ao sol

Entre o dito e o omitido, entregou-se àquelas sensações, viveu alheia, dissecou canções e pôs ao sol sonhos pequenos, à chuva expostos, ao sereno, na serenidade de quem tem fé. Dançou descalça, sujou o pé, riu com altura, tomou café, saiu do rumo, desconcentrou. Tempo gastou, pensou bobagem, adolesceu, ganhou a rua e se perdeu, molhou os olhos e se encontrou. Sentiu pessoas, sua humanidade. Transparente, quis abraçar a cidade. Viu-se em tudo e tudo em si, quis ser agora, quis ser ali. Usou de sinceridade, até consigo, pensou que alguns tinham só umbigo, mas ela era aquilo, era mesmo aquilo: cinquenta quilos de alguém feliz.

terça-feira, maio 11, 2010

fugacidade

Há muitas maneiras de se falar sobre quão efêmeras são as coisas e dizer que a vida passa, incrivelmente ligeira, enquanto estamos aqui sentados.




Lo que se pasa es un sonido, es el viento en el hogar
Es todo el cambio, de todo y yo, es lo que, lejos, veo pasar




"Não esperes um dia indefinidamente. Faça com que ele aconteça." Escritor de autoajuda
"Não esperes a conjunção dos astros." Astrólogo
"Não esperes o juízo final para que te convertas." Pastor
"Não esperes pelo momento em que conhecerás todo o universo dos Reais." Matemático
"Não esperes a morte do planeta, cuida agora dele." Ambientalista

segunda-feira, maio 03, 2010

campainha

Love is the answer at least for most of the questions in my heart
Why are we here? And where do we go? And how come it's so hard?
Jack Johnson
 
 
 

- Para todas as perguntas que a imaginação é capaz de alcançar, existem respostas prontas, plenamente acabadas. As perguntas chegam, tocam a campainha e, prontamente, aparecem, solícitas, as respectivas respostas, que, vale dizer, só atendem ao chamado da própria sineta.
- Você fala sério? É uma espécie de oráculo...
- Seriíssimo.
- Posso testar?
- Vá em frente.
- Por que o céu é azul?
- Errado.
- O céu não é azul por acaso?
- A pergunta foi mal formulada, então é como se esquecesse de tocar a campainha.
- Hm. Vou tentar outra vez. O céu é azul por quê?
- Não...
- Azul. Por que o céu tem esta cor?
- Ainda não.
- Por que será que o céu é azul?
- Não, outra vez errado.
- Que tal assumir que não sabe a resposta?
- Permita-me, antes, fazer-lhe uma pergunta. Tens certeza de que o céu, para ti, é azul? Talvez tuas respostas não te apareçam por meu intermédio porque têm algo de só tuas, assim como tuas dúvidas, porque só tuas, apenas precisam ser vistas por ti e mais ninguém.