domingo, março 28, 2010

três

Hoje eu poderia preparar um café pra três
Desperdiçar sorrisos e encarar uma partida de xadrez
Poderia, a contragosto, perder gosto por meu chá
Ficar fazendo hora em nosso eterno "à trois", mas não
Mas não sei dizer, de modo exato, o que te fez partir
pra um lado tão escuro, eu tive medo, eu quis te impedir
Justificar que os erros caberiam em minha mão
e nada eles seriam dentro do teu coração, que é tão
Tão grande era o mar e o seu abraço bom
Bom mesmo era verão e, de janeiro, era bom o som
do teu violão e da conversa de nós três:
eu, você e o amor
Eu perderia mais um mês.

quinta-feira, março 04, 2010

cronologia de um amor

Um começo nas páginas de um diário

Eu vejo sinais no céu e nas minhas mãos. Prenúncios, sutis mensagens, que me anunciam que tudo dará certo. Não é preciso fé, pois tudo já está como que pronto. Os caminhos se cruzaram poeticamente. Não há medo. Não há passos em falso no cimento colocado há pouco.
Ah, tudo vai bem. Até o vento me faz sorrir... Acredito piamente em intuição e sensibilidade, seja esta minha ou dos outros.
Eu leio o melhor caminho nas coisas que meus olhos miram. Eu encontro evidências e conselhos a todo tempo. O mundo inteiro tem cheiro de pêra, que é o cheiro que eu mais gosto de todos os cheiros. O mundo  é bom.

Um meio numa conversa 

- Você não pode estar falando sério.
- Juro que estou.
- Falta de interrogações.
- Olhe aí! Outra vez uma pergunta sem interrogações. Você deveria ter dito "Falta de interrogações?". Mas não. Vem com um "Falta de interrogações" seco. Por favor!
- Isso não é nem nunca será razão para uma discussão.
- A falta de interregoções, em uma conversa escrita ou oral, é terrível. Não nota a crueldade de um diálogo assim? Não há maior indício de que não se interessa em nada na conversa.
- Você quer complicar as coisas.
- Se isso foi uma pergunta, quero sim.


Um fim num poema

Vai embora devagar
que a noite hoje já
é tão alta, meu bem.
Em grave voz,
grave bem o amor que nós
construímos, mas também
grave este instante
antes que o galo cante
e a noite vá. Grave
a gravidade no meu rosto
e o gosto, o gosto
de saber que já não há.
Grave esta sala de estar
e o nosso último jantar,
grave aquilo que está
nos consumindo.