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Um texto para os iniciados nas letras jurídicas
Quando ela me veio visitar, envolviam-me a emoção e paixão do artigo 28 do Código Penal, aquelas que, pela letra fria da lei, não excluem a culpabilidade.
Não havia saída ante o fato de que todos somos criminosos por amar, culpáveis por nos deixarmos possuir pela emoção. Infratores todos somos, incluso o pequenino animal visitante. A joaninha foi partícipe, induzindo-me à escrita, convencendo-me a incorrer no grande crime que é a poesia. A miúda me fez errar, cair na reincidência de voltar a escrever.
É verdade que a emoção e paixão não excluem a culpabilidade, pois, de mim, era exigível conduta diversa, era imperioso que houvesse resistido à tentação do erro, ao encanto das letras. Não resisti, porém, e nada me exime da responsabilidade penal.
Do mito da ressocialização sou a maior prova. Cumprida a primeira pena, retorno à delinquência, volvo ao crime sem remorsos, por não conseguir me desvencilhar do encanto que há em saber-me avessa às expectativas sociais. Criminosa até que provem ao contrário - oposta, pois, a tudo, mesmo à presunção de inocência -, a palavra é meu crime, minha pena, meu algoz.
Teu jeito singular de escrever me encanta moça!!
ResponderExcluirÉbrio completamente, mas culpado pela voluntariedade. Por isso, Imputável.
ResponderExcluirCriminoso, sim!
Na minha ótica não és culpada sozinha por incorrer no crime da poesia. Quem ler naturalmente é partícipe nesse crime, pois é impossível não se encantar e mergulhar em tanto bom gosto. Concorro para esse crime e incido em todas as penas porque tenho a mesma culpa.
Culpado e ciente de que sempre serei infrator, incorrendo na mesma pena- se possível perpetuamente- toda vez que me deparar com textos desse quilate.
Iniciante e ainda leigo nas letras jurídicas, todavia encantado com tanta venustidade.
Joaninha pra lá de especial.
Amo-te.
Parabéns!