sábado, agosto 28, 2010

morangos

Os sonhos de quando
se dorme ou se acorda
são sonhos que mando
para que tu mordas
qual fossem morangos
os sonhos de quando
os olhos abri.
Vi
que o real o sonho possui
imaginário, flui
e flui...
Eu fui
contigo ao infinito.



let me take you down
cause I'm going to
strawberry fields
nothing is real
and nothing to get hung about
strawberry fields forever
(john lennon/paul mccartney)

Adoro morangos, com verdadeira devoção e, talvez por isso, tenham eles me aparecido em sonho. Não se cuidava, todavia, dos campos de morangos da canção, era o doce da fruta na boca, com mais gosto de realidade que de morango mesmo. Tratava-se da cor da fruta, a textura, o sabor em uma fidedignidade inacreditável e mágica. 
Em mim, o sono e o mundo se diluem, confundem-se cotidiana e repetidamente. Acordar de um sonho é como continuar a dormir na realidade rotineira de sonhar dia-a-dia, bem como ter sonhos noturnos se assemelha a vivê-los de olhos abertos.

terça-feira, agosto 24, 2010

hiatos

Sempre soube das tuas ausências, do teu não-estar, que outrora me aflingia e inquietava. Jamais duvidei, porém, da verdade dos teus sentimentos, ainda que não os compreendesse na sua integralidade. Cá, comigo, imaginava que há "gostares e gostares" e tu tinhas o teu jeito de querer bem.
Acostumei-me com teu silêncio e, por te amar com leveza e serenidade, amei também teus intervalos de mim, tuas fugas sempre constantes e já esperadas. Habituei-me a acumular histórias para te contar quando do teu regresso, ocasião em que as resumia em duas ou três frases e, após, permanecia na minha confusa alegria de te ter outra vez.
Hoje, no descompasso de amar com a gratuidade dos sentimentos mais puros, amo-te como quem joga sonhos ao vento, pondo minha fé na promessa de que o universo inteiro se empenha em prol dos sentimentos verdadeiros. Porque amar é desprendimento, e tem a liberdade como pressuposto, caminho no vácuo dos teus hiatos com convicção, reparando no outro hiato, que é, agora, o nosso destino, sem medo por ainda, talvez sempre, desconhecê-lo.