Não fossem as incontáveis coincidências terem acontecido conosco, não haveríamos de crer, custaríamos a aceitar a possibilidade de havermos perdido a cadência habitual das nossas vidas em razão de uma enxurrada de sentimentos repentina a revirar nosso íntimo de maneira tal.
Decerto tenho caído na tua graça, naturalmente, como quem cai no samba e se deixa levar noite adentro. Tocando, tu me tocas o coração, fazes música em mim e, tocando-me a mão, tu me convidas para dançar.
Longe da razão, encanto-me quando cantas despretensioso, dedilhando, olhando-me malandro, sinuoso como a melodia. No teu ritmo, escorregam leves os meus pensamentos, dançarinos perseguem a tua música, envolvidos no teu som, deslizando até ganharem o infinito.
Começamos de Chico compartilhando a Homenagem ao malandro, sem que pudéssemos então prever que, em verdade, homenageávamos todas as compatibilidades que assomavam diante de nós, tornando tão bela essa nova história que agora nos empenhamos em musicar.
Não quero desafinar, não posso descuidar do compasso, não vou estragar a canção que temos acertado com tanto esmero. Cada nota e o menos perceptível acorde tenho guardado, posto no pentagrama, cuidado de cada pequeno grama, de toda minúscula gota do teu sorriso, do teu barulho bom.